domingo, 3 de abril de 2011

Café com Leite

Há muita cafeína nesse corpo
Que agora não dorme,
Insone esperando o teu.
Que sonha com cada gota quente
Que da tua boca já saiu.
Gotas negras de um amor sem razão,
De um amor sem distância,
Sem verdade.
Sem vergonha.
De um sentimento infinito,
Mas sempre acabado,
Marcado pelo cheiro do teu quarto,
E por aquela coisa que só o pó
Do meu peito despedaçado
Parece ser capaz de produzir.
Pra matar a tua sede de mim
E a tua fome da minha vida,
Tua vontade insaciável do que poderia ser,
Não tivesse passado da hora,
Não estivéssemos separados demais.
Distantes no tempo e no espaço,
Distantes nos nossos retratos,
Mas com a proximidade imensa
E quimicamente perfeita
De dois seres opostos,
De duas substâncias que nunca se retraem.
E como leite e café
Nossas vidas sempre se atraem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário