quinta-feira, 25 de março de 2010

Mentira afinada

Uma música bethânia tocando,
água morna queimando meu corpo,
um banho interminável para esconder uma lágrima.
Tortura íntima para salvar a alma.

Alma lavada, volto ao mundo.
Ele novamente me aceita de braços abertos.

E eu, sem seu abraço por perto,
me aperto em corpos estranhos,
me sujo em bocas profanas,
para amanhã não acordar mais bethânia,
e me lavar sob as águas frias da alegria.

Ser fria.
Ser mentira.
Ser nada.

Mais fácil dançar uma vida de mentira
que cantar uma verdade desafinada.

terça-feira, 23 de março de 2010

Boleto da vida

Ultimamente,
tudo é a longas prestações.
Mas a vida é preciso ser ela toda,
todos os dias.
Viver em partes cansa.
A minha vida
eu prefiro pagar a vista.

As letras em mim

As palavras me bastam.
Com elas falo,
leio,
canto
e escrevo.
E o que não der pra resolver com as Letras,
eu resolvo com um beijo.

Contradição

Como pode?
Você que vive da História,
esquece o nosso passado...
Você que gosta tanto de histórias,
joga fora o que viveu ao meu lado...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mais um amanhecer...

Agora a caneta corre deitada pelo papel
simplesmente porque o tempo voou,
e ela precisa correr pra alcançar
o cansaço de quem ainda nem se deitou.
E, pegando emprestadas algumas palavras de Hilda Hilst,
"...ISSO sem nome pode ser um todo
Que só se ajusta ao Nunca. Ao Nunca Mais."

domingo, 21 de março de 2010

Isso

E essa coisa que temos juntos,
sempre melhor que a rotina lá fora,
sempre maior que o resto do mundo,
esquecida do tempo e das nossas memórias,
nos faz loucos apaixonados,
ainda que só nos segundos
que nos temos nos braços...

Insônia

A Sônia sempre aparece na hora errada
e sua companhia sempre me cansa.
Mas é in Sônia que me encontro mais
e só na sua presença que eu me (in)canto.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Medida errada

E quem foi que inventou
que ser forte é não sofrer?
Pois tenho força o suficiente
para enfrentar mil soldados,
e lágrimas o bastante
para chorar a cada batalha...

Minha dor

Do meu coração sei eu...
Ninguém sabe a dor que ele me deu,
pra dizer o que em mim
doeu
ou não
doeu.

Carência

Era madrugada.
Solidão.
Abri a janela...
O vento entrou pelo quarto
e me tocou por inteira,
suavemente.
A lua acariciou-me.
Não estava mais só.
O vento e a lua então brincavam comigo.
E nós três, ali,
sem sequer nos movermos,
nos tocávamos.
Fechei a janela.
Novamente solidão.
Mas, naquela noite,
tive o carinho mais sincero do mundo.